sábado, 28 de novembro de 2009

O que você precisa saber sobre dor nas costas




Nos dias de hoje a dor nas costas, chamada de lombalgia, é uma das queixas mais comuns da população, e uma das mais ouvidas queixas de dor em consultórios; a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos uma crise aguda de dor nas costas (lombalgia aguda) durante sua vida, e que 90% dessas pessoas apresentarão mais de um episódio. As crises de dor nas costas são a causa mais comum de faltas ao trabalho nos países desenvolvidos, provocando, além do problema médico, também um problema econômico.
Até 70% das pessoas com mais de 40 anos apresenta algum problema de coluna, e esse número sobe para 80 a 90% na população acima de 50 anos. O número de pessoas com queixa de lombalgia vem acompanhando o aumento na longevidade da população. A expectativa de vida, que ficava em torno de 60 anos, subiu para 75, e as pessoas estão chegando a idades mais altas com a mente e o coração saudáveis. Cada vez é mais importante pensar em prevenir problemas espinhais, abandonando o hábito de só prestar atenção na coluna quando se sente dor.


O QUE É LOMBALGIA?

Lombalgia significa dor nas costas, especificamente na região lombar. Não é um diagnóstico, apenas um sintoma que pode ou não estar relacionado com alguma doença. Lombalgia aguda é aquela presente por menos de 4 a 6 semanas, consistindo de um problema médico comum, na maioria dos casos apenas uma crise de dor em uma pessoa que pode ser considerada sadia. Menos de 1% das pessoas que apresentam lombalgia aguda tem uma doença grave, como um tumor ou infecção. A fonte de dor pode estar nas articulações, discos, vértebras, músculos ou ligamentos, que podem sofrer irritação ou inflamações. A causa precisa da lombalgia aguda pode ser identificada em 20% dos casos. Um traumatismo específico ou uma atividade estenuante podem provocar dor, entretanto, 80% das vezes a causa não é óbvia. Também é bastante reconhecido que a dor pode ser muito influenciada por estresses psicológicos, depressão, e outros fatores não orgânicos.

COMO É UMA CRISE DE LOMBALGIA?

A maioria das pessoas sente dor inicialmente na região lombar, que pode espalhar-se (irradiar) para as nádegas, coxas ou joelhos. Muitas pessoas apresentam também espasmos e contraturas musculares. A dor e desconforto geralmente pioram quando se faz flexão das costas ou carrega pesos. Os sintomas são maiores nas costas do que na perna, quando a dor na perna for mais significativa que a dor lombar e irradiar-se até abaixo do joelho, o problema costuma ser uma compressão do nervo.

A dor pode ser forte, muitas vezes a pessoa não consegue sair da cama e piora com os movimentos e sentando, mas geralmente começa a diminuir depois de alguns dias e deve sumir totalmente depois de 4 a 6 semanas.

As características da dor e o exame cuidadoso costumam dar o diagnóstico. Se o quadro de lombalgia aguda for típico, não são necessários exames como radiografias ou tomografia.


QUAL O TRATAMENTO DA CRISE DE LOMBALGIA?

O tratamento mais aceito hoje em dia consiste de repouso limitado, medicação para a dor, e programas de fisioterapia e exercícios.

O repouso no leito é recomendado para casos de dor forte com espasmo da musculatura, mas não deve exceder a 2 ou 3 dias, depois disso, o paciente deve começar a se movimentar. A atividade física precoce promove uma recuperação mais rápida. Quando a dor é pequena ou moderada, é melhor tentar manter todas as atividades normais.

A aplicação de gelo e calor de forma alternada pode ajudar a relaxar os músculos e reduzir a inflamação. Geralmente recomenda-se aplicação de compressas quentes por 20 minutos, depois gelo por 20 minutos. Se o paciente achar que um ajuda mais que o outro, então pode usar só o que for melhor. Esse tratamento pode ser repetido 2 ou 3 vezes por dia.

Relaxantes musculares, anti-inflamatórios e medicação analgésica podem ser utilizados por alguns dias, e as medicações são diminuídas e retiradas conforme a melhora do paciente. Toda e qualquer medicação só deve ser usado conforme prescrição médica.

A pessoa é encorajada a retornar ao trabalho e a iniciar atividades físicas controladas o mais breve possível. Assim que a dor aguda passa, o tratamento fica centrado em prevenir que as crises se tornem repetitivas, com a ação da fisioterapia em programas de conscientização postural e exercícios.


QUAL É O PROGNÓSTICO DE UMA LOMBALGIA AGUDA?

O prognóstico costuma ser muito bom. Em até 80% dos casos a dor desaparece em até 15 dias, nos outros 20%, os sintomas podem ser mais duradouros, mas a maioria estará bem em até 3 meses. Felizmente, são poucos os casos em que há uma evolução ruim, com cronificação dos sintomas, porém as crises de lombalgia podem se repetir, sendo importante adotar atitudes saudáveis e entrar num programa regular de exercícios para evitar que isso aconteça.


E QUANDO A DOR NÃO PASSA?

Em certos casos a dor não melhora como esperado, ou as crises começam a repetir-se com freqüência, caracterizando uma lombalgia crônica. Pessoas com dores crônicas costumam ter limitações nas atividades do dia a dia, dificuldades no trabalho, alterações no humor e no sono, e quadros psicológicos depressivos.

Os pacientes com problemas crônicos podem apresentar alguma alteração estrutural, como uma espondilolistese, um quadro degenerativo, como uma discopatia dolorosa, ou uma patologia músculo-ligamentar, como a fibromialgia.

Por isso, pacientes com sintomas que não melhoram devem ser encaminhados para investigação mais detalhada .


LOMBALGIA CRÔNICA

O que é?

A dor nas costas pode ser considerada crônica quando está presente por mais de 3 meses.


Como é a dor?

O tipo de dor pode variar muito. A dor pode dar a impressão de se originar nos nervos, ossos, ou como dor muscular. A sensação pode ser de ardência, queimadura, pode ser contínua ou em ferroadas, pode ser bem localizada ou difusa, e pode ter características bem definidas ou ser um incômodo bastante vago.


Qual é a causa da lombalgia crônica?

Como a lombalgia aguda, esta dor pode se originar de alguma lesão, doença ou sobrecarga sobre o corpo. Algumas patologias que podem provocar lombalgia crônica são as espondilolisteses, discopatias dolorosas e outras, mas, muitas vezes, a origem da dor não pode ser claramente definida. De fato, é comum que a condição que iniciou a dor possa estar totalmente curada e esquecida, mas a dor continue.


Como se explica esta dor?

Várias teorias tentam explicar a lombalgia crônica, mas o mecanismo exato não é completamente entendido. Em geral se acredita que os nervos que levam a sensação de dor para o cérebro fiquem sensibilizados, ou seja, sofram um aumento de sua sensibilidade para provocar sensações de dor. Assim, a dor sentida fica desproporcional à lesão que realmente existe. Estímulos que normalmente não seriam causadores de dor passam a ser ampliados ou distorcidos, sendo sentidos como dor.

Como se faz o diagnóstico?

O importante na investigação diagnóstica é ter certeza de pesquisar a possibilidade de existirem doenças ou lesões que ainda podem ser tratadas ou que ainda estejam significando risco.

Embora muitas vezes a dor crônica não tenha um diagnóstico mais específico da causa, deve-se tentar de toda forma buscar este diagnóstico, pois isso poderá fazer muita diferença no tratamento do paciente. Então, devem ser excluídos diagnósticos como hérnias de disco, espondilolisteses, etc., antes de se classificar o paciente como alguém com dor crônica sem causa aparente.

Quais exames são realizados?

O mais importante é a obtenção de um bom histórico e exame físico do paciente. Baseado nisto e dependendo da necessidade específica, podem ser pedidos desde exames de laboratório até exames de imagem, como radiografias ou ressonância magnética.


Qual o tratamento da lombalgia crônica?
Tratamentos para dor crônica podem variar muito, dependendo da situação.

Se uma causa de dor foi identificada, então o tratamento deve ser no sentido de resolver este problema. Quando a causa de dor não pode ser diagnosticada, ou não tem um tratamento específico, o tratamento não é dirigido para a causa, mas sim para os sintomas. O objetivo do tratamento passa a ser reduzir a dor, aumentar funcionalidade, e melhorar a qualidade de vida.

Para isto, os tratamentos incluem vários tipos de fisioterapia, medicações, dicas de comportamento, tratamento psicológico, e mesmo alguns procedimentos, como bloqueios ou infiltrações.

A dor crônica é uma doença psiquiátrica?

Não, mas este tipo de condição, que limita a vida normal da pessoa, acaba sempre causando uma resposta psicológica, que também pode se tornar um problema. As reações mais comuns são sentimentos de medo, ansiedade, preocupação e depressão. Estas reações, quando existirem, também devem ser tratadas, por isso a importância de um tratamento multiprofissional para um resultado mais satisfatório.

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