terça-feira, 30 de agosto de 2011

AVE - Acidente Vascular Encefálico

Pra entender um pouco mais o que houve com o técnico Ricardo Gomes.
 
No Brasil, o AVE - acidente vascular encefálico (também chamado AVC - acidente vascular cerebral e popularmente conhecido como derrame) já provocou 84.068 internações no 1º semestre de 2011 e é considerado a maior causa de internações e morte no Brasil, segundo a Academia Brasileira de Neurologia. Acontece quando uma área do cérebro deixa de exercer as suas tarefas corretamente por conta de uma alteração no recebimento de sangue.
Quando existe um entupimento nos vasos do cérebro (AVE isquêmico), uma parte do órgão pode deixar de receber sangue. A falta de nutrientes nesse local leva à morte das células. Esse tipo de AVE responde por 80% dos casos e apresenta maior taxa de sobrevida, podendo deixar sequelas motoras e/ou neurológicas.
No caso de Ricardo Gomes, o AVE foi do tipo hemorrágico, ou seja, com vazamento de sangue causado por um rompimento de um dos vasos do cérebro. A hemorragia pode acontecer tanto em uma região profunda (central) do cérebro como na periferia.
Este tipo de vazamento representa apenas um quinto dos casos de AVE em geral e a maioria deles acontece na região mais interna do cérebro. Quando ocorrem na periferia do órgão (subaracnoide), 80% são causados por aneurismas. De maior complexidade, geralmente tem prognóstico mais reservado e menor taxa de sobrevida devido a gravidade.
"A mortalidade mundial por aneurisma é de 42% para os casos de AVC hemorrágico. Se for um AVC por crise hipertensiva, a taxa é de 32%", alerta o especialista Mirto Nelso Prandini, neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

AVC 1 (Foto: Arte/G1)

Pressão no crânio
Com o sangue derramando ao redor da área do vazamento, a pressão dentro do crânio aumenta. Com isso, células do cérebro podem morrer e o coração começa a ter dificuldade para enviar sangue com oxigênio para o local.
"Isso é ruim, pois quanto mais pressão, menos sangue entra nos lugares certos. Há a isquemia (falta de oxigênio) nos tecidos, o coração não tem mais força para bombear mais", explica o médico.
O sangue que vaza forma imediatamente um hematoma. O coágulo formado fora do vaso é uma defesa do corpo para conter o vazamento. “Ele ocorre fora do vaso, é diferente do entupimento dentro do vaso. Com o tempo o organismo pode absorver o coágulo e eliminá-lo”, explica Jamary Oliveira Filho, coordenador do Departamento de Doenças Cerebrovasculares da Academia Brasileira de Neurologia e professor da Universidade Federal da Bahia.
As hemorragias na região temporal (lateral) do cérebro são mais preocupantes quando ocorrem no lado esquerdo, já que existem chances de sequelas na fala e na compreensão. “O paciente passa a não entender o que dizem para ele, existe uma dificuldade de comunicação”, explica Jamary. Caso ocorra no lado direito, pode ocorrer alteração na visão.

"Tempo é cérebro"
Quem sofre um AVC costuma se queixar de dores de cabeça fortes, que chegam de repente. Muitas vezes um dos lados do corpo da pessoa pode ficar paralisado – é comum notar como a boca entorta ou como braços e pernas ficam fracos. Às vezes, o paciente também pode relatar perda de visão ou dificuldade para enxergar.
A partir dos primeiros sintomas, a ajuda médica deve ser buscada imediatamente. “Tempo é cérebro”, diz Jamary. “Se o atendimento for rápido, o indivíduo pode ter uma recuperação rápida, até mesmo sem sequelas.”
Para Félix Pahl, médico do Núcleo de Neurologia e Neurociência do Hospital Sírio-Libanês, a rapidez também vale para as cirurgias, quando necessárias. "O importante é que o tratamento seja o mais precoce possível e, em algumas situações, é preciso operar rápido."

Tratamento
O tratamento inicial inclui cirurgia em alguns casos e medicamentos que deverão ser tomados conforme prescrição médica e por tempo prolongado. Desde o início do tratamento, ainda no leito da UTI, a fisioterapia se faz necessária, estendendo-se para os cuidados domiciliares. O tratamento de reabilitação visa restabelecer o máximo possível, uma função perdida, evitar deformidades em articulações, reeducação de mobilidade nas atividades funcionais básicas (mudanças de decúbito, sentar e transferências), promover a conscientização corporal, estimulando o máximo possível o lado plégico (paralisado), melhora do equilíbrio em pé e reeducação da marcha, independência física, ou em casos irreversíveis, adaptar o paciente em suas novas limitações. É importante saber, que a recuperação deste paciente dependerá não só do tipo e extensão da lesão, mas também da colaboração e entendimento do indivíduo.
A terapia da aspirina (81 mg por dia ou 100 mg a cada dois dias) é recomendada para prevenção de AVCs em todos os homens que têm fatores de risco e em mulheres abaixo de 65 anos que têm risco, desde que os benefícios superem os riscos.


Fonte: http://www.g1.com/
Ação AVC, Academia Brasileira de Neurologia.

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