terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ginástica para o cérebro - A memória pode ser exercitada como os músculos. Veja como fazer isso e evite os “brancos”


A fórmula para aumentar o volume de boa parte dos 639 músculos do corpo humano é conhecida: fazer exercícios, exercícios e mais exercícios, repetidamente. Atividades como flexões de braço e levantamento de peso fazem com que as artérias levem mais sangue e aumentem o trabalho metabólico nos tecidos musculares. Com o tempo, as fibras vão oferecendo resistência e ganhando tamanho. Da mesma forma, quanto mais o cérebro for trabalhado, maior e melhor será o seu potencial, afirmam especialistas.

O estilo de vida atual tem comprometido cada vez mais a memória. Tarefas, pressões e informações em excesso geram uma espécie de pane no sistema nervoso. Os “brancos” surgem nos momentos mais inadequados. Os desmemoriados deixam queimar a comida no forno, têm de conferir repetidas vezes se trancaram a porta e esquecem o que precisam dizer em uma reunião. Os lapsos esporádicos muitas vezes evoluem para um estresse crônico, que altera o equilíbrio químico e diminui a capacidade de memorização.

A ciência hoje não relaciona mais idade e esquecimento. “A ideia de que a memória tem uma capacidade limitada e que vai diminuindo com o passar do tempo ficou definitivamente para trás”, afirma o neurocientista Koichi Sameshima, do departamento de radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Já se sabe que essa é uma habilidade flexível, que pode ser aprimorada constantemente, durante toda a vida.”

Mas como desenvolver essa capacidade de armazenar dados? Em uma só palavra: aprendendo. Os métodos para estimular o intelecto e reter conhecimentos adquiridos podem incluir desde as tradicionais palavras cruzadas até o estudo de um idioma. Outras maneiras de aguçar a mente? Experimente fazer compras semanalmente em um supermercado diferente, onde os produtos estão dispostos em corredores e prateleiras diversos, e fazer um novo caminho para ir ao trabalho. Revisar mentalmente as ideias é outro exercício recomendado.

“Viver novas experiências é excelente para a memória”, diz Ana Alvarez, doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e autora de cinco livros sobre o assunto. Ana conta que, no ano passado, precisou aprender a dançar tango. Uma empresa argentina, para a qual prestou serviço de consultoria, convidou-a para um evento que tinha a dança portenha como mote. Ela contratou um instrutor e durante três meses ensaiou os passos com afinco. “Posso dizer que o cérebro fica em estado de encantamento quando a gente se esforça e aprende algo que quer muito.”

Veja abaixo alguns fatores determinantes para manter a memória em dia e o bem-estar físico e mental. A memória pode ser exercitada tal e qual os músculos. Veja como fazer isso e evite os “brancos”.

Os fatores que influenciam na condição cerebral



ATITUDE MENTAL POSITIVA


A boa memória depende da personalidade da pessoa e da emoção com a qual os fatos são codificados e armazenados. Evitar pensamentos negativos e preocupações ajuda na memorização. A tristeza desequilibra os neurotransmissores cerebrais e gera dificuldades até para resgatar dados já arquivados. Um estudo feito com ratos pela Universidade de Medicina e Ciência Rosalind Franklin, nos Estados Unidos, comprovou que uma única situação socialmente estressante pode destruir novas células nervosas na região cerebral que processa o aprendizado, a memória e a emoção. Ratos jovens, ao se deparar com ratos mais velhos e agressivos, tiveram as células localizadas no hipocampo comprometidas. Apenas um terço das células geradas sob o estresse sobreviveu.

NOITES BEM-DORMIDAS










Outro recurso valioso é manter o sono em dia. O repouso funciona como um coletor de lixo, quando é possível editar as ideias. A pessoa retém o que aprendeu, depura as informações e joga fora o que não presta. Esquecer também é fundamental para lembrar melhor. Manter-se acordado e alerta com as chamadas smart drugs, drogas que buscam melhorar a atenção e agilizar o desempenho intelectual, pode oferecer risco ao equilíbrio dos bilhões de neurônios, principalmente quando não há acompanhamento médico. Algumas substâncias naturais, como a xantina, presente no café, no chocolate e em alguns chás, podem servir de estimulante natural, sem efeitos colaterais ou contraindicações.


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL










Alimentos ricos em gorduras e vitamina B ajudam a manter o equilíbrio de aminoácidos necessários para a formação e a estabilidade dos neurotransmissores, os componentes químicos que mantêm conectadas as células do sistema nervoso.
A gordura saturada pode ser encontrada nos peixes, na soja, nas castanhas e nas nozes. A gordura insaturada, mais saudável, está presente no azeite de oliva extra virgem e no óleo de canola. Essas gorduras melhoram a aprendizagem e o intercâmbio de informações no cérebro.
As vitaminas do complexo B fazem parte da composição de frutas, legumes e cereais integrais. Uma refeição que inclua salmão (peixe farto em boa gordura), verduras, arroz integral e molho de nozes, além de um copo de suco de frutas, é um poderoso combustível para a mente.

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