quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Escolha o tipo de Yoga ideal para você

Quem já pensou em procurar um curso de ioga provavelmente teve dúvidas de por onde começar. Embora qualquer linha de ioga tenha em vista benefícios semelhantes, uma aula de Hatha Yoga tradicional pode ter pouco a ver com o vigoroso Vinyasa-Ashtanga ou o preciso Iyengar.

Além da profusão de estilos anunciados em academias e escolas especializadas, outro aspecto que pode causar certa confusão é a quantidade de práticas associadas à ioga – exercício físico, exercícios respiratórios, técnicas de relaxamento, entoação de mantras, meditação e até vegetarianismo. E até o termo gera controvérsias: a gramática portuguesa chama a atividade de "a ioga", enquanto os profissionais só aceitam "o yoga", no masculino e com "ô" fechado.

“Yoga é uma filosofia, não uma modalidade de exercício”, define Anderson Allegro, professor de Power Yoga e presidente da Associação Aliança do Yoga, que regulamenta o treinamento de professores em diversos estilos. “A atividade física é uma parte da filosofia, que visa a ampliar a consciência pessoal”.


“O Ocidente assimilou muito bem uma parte do yoga, a que trabalha com o corpo”, explica Sandro Bosco, professor de ioga e meditação que mantém o blog do Yogue no UOL. O tipo de ioga que se concentra na execução de posturas (asanas) e exercícios de respiração (pranayamas) é genericamente chamado de Hatha Yoga.

A atividade (a palavra yoga que quer dizer união, essencialmente entre corpo, mente e espírito), pode ainda ser praticada de outras formas – por exemplo, por meio da religiosidade, do estudo ou do trabalho desinteressado. “Na Índia é muito forte o yoga devocional, já que está no dia-a-dia de muitas pessoas há milhares de anos. No Ocidente de hoje em dia, o que mais motiva as pessoas é o caminho do bem-estar físico, até para aliviar os problemas que decorrem do estresse”, diz Sandro.

Para o diretor da Associação Brasileira de Profissionais do Yoga (ABPY), Alexandre dos Santos, quase a totalidade do que se pratica hoje no Brasil é uma forma do Hatha Yoga. O que muda é o método de ensino dos asanas e pranayamas. “Diversos mestres desenvolveram bons métodos, baseados nos fundamentos do Hatha Yoga tradicional, mas variando no ritmo dos exercícios e na montagem da aula”, diz. “Todos vão levar a uma expansão da consciência, uma concentração e determinação que fazem diferença em todas as áreas da vida. Quem pratica yoga aprende a viver no presente, a estar sempre aqui e agora. Assim se produz muito e sem desgaste, ficando inteirão”.

A professora Anna Lu, membro da Associação Brasileira de Iyengar Yoga, também acredita no poder da consciência corporal. “O bem-estar físico está relacionado a um estado geral de equilíbrio. Tanto é que quem começa a praticar yoga naturalmente tende a parar de fumar, comer melhor e criar uma rotina de sono mais saudável”.

Além do aprendizado de posturas e técnicas de respiração, relaxamento e meditação fazem parte de qualquer instrução em ioga, mas com técnicas e ênfases diferentes.  “Muitas aulas de Ashtanga Yoga são praticamente aulas de asanas, não têm um período para meditação ou relaxamento conduzido. Já numa aula de Hatha Yoga tradicional, o tempo é bem dividido entre a prática de asanas, pranayamas (exercício de respiração), entoação de mantras, meditação, relaxamento”, compara Anderson, da Aliança do Yoga. “Se a pessoa gosta de movimento, de uma aula mais dinâmica, pode ser que se sinta  deslocada numa aula de Hatha Yoga tradicional. Pode começar pelo Power Yoga”.

Outras linhas

Além das muitas técnicas de Hatha Yoga que se popularizaram no mundo moderno, outras grandes linhas ou sistemas de yoga propõe práticas bem diferentes para se chegar ao controle da mente. “O yoga funciona quando você conhece sua mente. Esse estado de clareza mental pode ser atingido de várias formas”, explica Bosco.

Entres os sistemas de ioga mais conhecidos, além do Hatha Yoga, a linha que prioriza os exercícios físicos, Santos lembra os tipos que priorizam as práticas devocionais (Bhakti Yoga, popularizado no Ocidente pelo movimento Hare Krishna), a meditação (Raja Yoga), a doação ou ação desinteressada (Karma Yoga) e o estudo da filosofia ou dos textos sagrados (Jnana Yoga) . “São formas diferentes de se chegar ao mesmo lugar”, explica ele. Pela tradição, cada pessoa adota o caminho rumo ao autoconhecimento que é mais compatível com a sua personalidade.

Não só o temperamento do aluno que conta, mas também o preparo físico da pessoa e seu interesse específico na ioga e o simples relacionamento com o professor. Unanimidade entre os estilos é sentir-se bem durante prática. “O melhor mesmo é a pessoa experimentar alguns estilos e ver onde ela se sente melhor. Na maioria das vezes, é possível marcar uma aula grátis para conhecer a escola”, recomenda Anderson Allegro.

Conheça a seguir as linhas de ioga mais comuns no Brasil e escolha a sua aula.

Hatha Yoga' ou tradicional'

Praticamente todas as modalidades ensinadas em academias e escolas são ramificações do Hatha Yoga, ou ioga tradicional. O desenvolvimento da flexibilidade e o controle do estresse é o foco dessa linha, que abusa de exercícios de alongamento e relaxamento dos músculos.

Em geral, uma aula de Hatha Yoga tradicional obedece a um ritmo tranquilo, com tempos relativamente longos de permanência em cada posição e pausas entre uma série e outra. “Por isso é uma boa opção para quem está há muito tempo parado ou tem algum tipo de restrição a exercícios, como problemas cardíacos ou de coluna”, sugere Anderson Allegro, professor de Power Yoga e presidente da Associação Aliança do Yoga.

Na comparação com outros métodos, o que se chama hoje apenas de Hatha Yoga geralmente se utiliza mais de exercícios de concentração e equilíbrio, relaxamento conduzido, repetição de mantras e orientação para a meditação. Tempo também é reservado aos pranayamas, técnicas que ajudam a reduzir as tensões e aumentar a capacidade respiratória. Assim, as aulas costumam ser bastante completas e indicadas para quem quer experimentar um pouco de tudo.


Vinyasa' ou 'Power Yoga'

Vinyasas são movimentos sincronizados com a respiração, o que indica um tipo mais dinâmico de ioga. O Power Yoga, estilo bastante popular nas academias de ginástica, faz uso dos Vinyasas para aliar os benefícios trazidos pelas posições de ioga com os de uma atividade aeróbica qualquer.

Aulas de Power Yoga são montadas equilibrando exercícios para desenvolver força muscular e flexibilidade, ligados por sequências de movimentos fluidos, de forma que não se fica muito tempo parado. Exercícios localizados são incorporados às posições tradicionais e trabalham diferentes grupos musculares. As aulas costumam terminar com um período de relaxamento, fazendo com que a pessoa aprenda a sentir os benefícios da prática no corpo.

O Power Yoga é uma boa escolha para uma pessoa mais agitada, ou que está interessada em praticar ioga e também um exercício aeróbico. Mas isso não quer dizer que, por ser dinâmico, a ioga perca de vista seus objetivos finais rumo ao autoconhecimento. “É importante não encarar a prática somente como uma ginástica antiga”, defende o professor Aureliano Nataraja. “Tudo na aula depende do estado de consciência, de se atingir um controle dos pensamentos. É como se a pessoa estivesse se preparando para um sono profundo, mas ela está ali ativa, trabalhando em cada posição”


'Ashtanga'

Ashtanga, que quer dizer “oito membros” em sânscrito – refere-se a oito práticas de ioga, entre elas os asanas – , é um dos mais antigos sistemas de ioga dinâmico. O Ashtanga ou Ashtanga-Vinyasa Yoga é praticado em séries fixas de asanas conectados por saltos e movimentos rápidos. Os movimentos são sincronizados com um tipo específico de respiração, a partir da base da garganta, com a finalidade de aumentar a temperatura do corpo, provocar suor e a liberação de toxinas.

Existem séries de Ashtanga Yoga mais ou menos exigentes, mas em geral esse é um estilo mais vigoroso. “Não é o tipo mais recomendado para a terceira idade, por exemplo. A aula exige uma boa coluna e um bom par de pernas, além de uma certa resistência”, diz Aureliano Nataraja, membro da Federação Brasileira de Ashtanga Yoga. Segundo ele, mais de 80% da aula é de exercício ininterrupto, por isso é importante já ter um preparo cardiorrespiratório.

Embora as aulas sejam mais difíceis de acompanhar, Nataraja não exclui a possibilidade de um iniciante começar a praticar ioga pelo Ashtanga. “É possível preparar o aluno para o Ashtanga começando com séries mais fáceis, até que ele se familiarize com as posições”, diz ele. O essencial é manter-se atento às posturas e à coordenação dos movimentos com a respiração. “Cada pessoa tem que se concentrar na sua evolução, e não no que o aluno mais avançado está fazendo ao lado”, completa.


'Iyengar Yoga'

O Iyengar Yoga é um dos métodos contemporâneos que mais se popularizou no Brasil. Este tipo de yoga preza a correção na execução de cada posição, de forma a extrair ao máximo o benefício de cada posição. “O Iyengar é muito democrático e o método terapêutico por excelência. Ele procura uma coerência na sequência das posturas, de forma a se atingir o bem-estar físico e mental desejado”, explica a professora do método Anna Lu. Segundo ela, as aulas podem ser montadas de forma a oferecer uma prática mais energizante ou mais relaxante.

Para preservar o alinhamento do corpo em cada postura, o Iyengar yoga lança mão de travesseiros, aparelhos e de apoios na parede, quando necessário. Assim como no Hatha Yoga tradicional, o tempo de permanência em cada postura é mais longo, e o aluno é orientado a procurar uma posição e respiração confortáveis a cada asana. “Quando o professor orienta o aluno a trazer sua atenção para os ossos e músculos, a pessoa se pega meditando, concentrada em cada postura. Para perceber as mudanças no corpo, você tem que dominar sua mente”, diz o professor de Iyengar Sandro Bosco.

“É uma prática intensa porque exige concentração e esforço para se manter o alinhamento do corpo”, concorda Anna Lu. Segundo ela, esse trabalho favorece a construção de nervos e aumenta a consciência corporal, sendo útil para aliviar dores, ansiedade e até depressão. “Muitos alunos sentem uma melhora significativa já no fim da primeira aula. Com uma prática regular, os benefícios são ainda maiores e permanentes”. Por isso, o Iyengar Yoga também é popular entre gestantes, idosos, atletas lesionados e pessoas com limitações físicas mais severas.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2012/02/16/quer-trabalhar-o-corpo-ou-meditar-escolha-o-estilo-de-yoga-ideal-para-voce.jhtm

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