quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dor aguda na coluna que fica crônica

Em geral 80% das dores agudas da coluna resolvem-se com ou sem medicação, de qualquer espécie, mas há uma intensa recorrência (as dores voltam), e cerca de 37% dessa população passa a ter dores crônicas.

Existem inúmeras explicações, mas, as mais importantes e, estatisticamente válidas, são as seguintes: problemas psicológicos adversos, condições ergonômicas inadequadas no trabalho, pobreza, classe social baixa, poucos anos de escolaridade, dores músculo-esqueléticas anteriores, número de filhos (tanto para homens, como para mulheres) e insatisfação no trabalho.

Há um crescente aumento da evidência de que o distúrbio vascular artero-esclerótico desempenha papel importante na dor lombar de origem mecânica.

A degeneração e a protrusão do disco intervertebral estão associadas à pressão no plexo venoso epidural, causada por uma dilatação venosa, edema da raiz nervosa e fibrose peri e intraneural, além da atrofia neuronal. Se essa compressão venosa ocorrer em dois níveis, haverá uma diminuição da perfusão, deixando o disco com menor nível de alimentação. Haverá uma reação tipo inflamatória, como consequência desse dano mecânico ao disco. Na hérnia de disco observa-se que existe uma proliferação endotelial, dilatação vascular e uma proliferação e ativação do colágeno, com fibras da dor incluídas nesse tecido vascular.

Alguns desses pacientes desenvolvem, além da dor lombar uma hiperestesia, ou melhor, uma hiperpatia (excesso de dor experimentado como conseqüência a qualquer estímulo), alodinia (dor gerada por pequenos estímulos na pele), com sensibilidade à alterações vasomotoras, tais como frio e calor. É um tipo de dor originária do sistema nervoso simpático, cuja cadeia de gânglios está próxima à coluna.

Esse mecanismo, que passa através do sistema simpático é pouco estudado, mas, nos pacientes que sofreram a cirurgia da lombar e continuam com dores, já foi constatado que, em 80% desses casos, aparece uma disfunção vascular simpática, nas pernas, devido a uma perfusão vascular alterada, resultando em 69% deles a dor ciática residual.

O bloqueio simpático com anestésicos tem dado alívio parcial, mas curiosamente a simpatectomia não alivia, porque a modulação da dor é na medula nervosa. No cérebro há uma modulação da dor igual em relação a fatores psicossomáticos, principalmente a depressão.

Essa teoria vascular e a influência do fumo já foi contestada, por ser difícil de identificar, a influência do fumo e fatores vasculares (arteriais e venosos) na gênese da dor crônica da coluna.

Fonte :: J Bone Joint Surg Am 2001 May;83-A(5):668-73

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