segunda-feira, 28 de julho de 2014

Universitária mais velha do país receberá o diploma aos 97 anos























Às 7h30, dona Chames Salles Rolim estava dentro da sala de aula e era uma das primeiras a chegar. E foi assim nos últimos cinco anos até atingir a meta: a colação de grau. No próximo dia 7, ela receberá o diploma de bacharel em direito aos 97 anos. Natural de Ipatinga, no Vale do Aço, dona Chames é a universitária mais velha do país. Conforme o último Censo da Educação Superior, de 2012, somente ela e uma outra senhora, poucos meses mais nova, estavam matriculadas em cursos presenciais nessa faixa etária.

Simpática, sempre sorridente e com uma inteligência de se admirar, dona Chames cativa qualquer um com suas gargalhadas. “Dizem que eu sou a estudante mais velha do mundo, mas me considero apenas mais uma na sala de aula”, conta, satisfeita. Os filhos, os netos e os bisnetos apoiaram a empreitada da matriarca da família na Faculdade de Direito de Ipatinga (Fadipa).

Na primeira prova, Chames infartou, literalmente. Eram mais de 70 anos sem frequentar uma escola e ela ficou muito nervosa. Mas nada desanimou a estudante mais querida da faculdade. “Não fui a melhor da classe, mas era uma aluna constante. Meus filhos me viam tão feliz que não tinham como não apoiar”. Segundo ela, sua ansiedade não era por nota, mas por conhecimento.
Qual o segredo de tanta lucidez? Chames responde sem titubear: “Não ter raiva de nada nem de ninguém. Não produzo toxinas no meu organismo”. Ela acorda todos os dias às 4h30, faz hidroginástica na piscina de casa e depois toma uma dose de uísque. “Adoro. Até ganhei uma garrafa do meu filho ontem”.

O motorista Milton Siqueira, 51, que trabalha na casa há 40 anos e é chamado de filho, diz que não aguenta o pique de dona Chames. “É uma garota muito esperta. Com ela não tem tempo ruim”.
Para quem foi casada 73 anos parece impossível nunca ter discutido com o marido, mas ela garante que não perdia tempo com brigas. “Só dá trabalho para fazer as pazes depois”, diz. E foi o companheiro farmacêutico que não deixou Chames cursar filosofia no passado. Ela trabalhou com o marido na farmácia por mais de 60 anos. “Cheguei a me matricular, mas ele me requereu em casa e larguei o curso”. Dez anos após a morte dele, Chames resolveu encarar o desafio. “Não sei se ele está muito satisfeito comigo agora”, indaga.

Cheia de planos para o futuro, Chames pensa em aproveitar sua experiência para atuar na conciliação de casais. “A vida é um eterno aprendizado, e quero ajudar também com o conhecimento que tive na faculdade”. Por enquanto, ela está ansiosa pela festa de formatura.

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